Afinal, quem aí não gosta do que realmente é novo? Temos medo dele, não é? Como disse Dostoievski, “dar um novo passo, pronunciar uma nova palavra é o que as pessoas mais temem”. Mesmo nas coisas diminutas, a experiência com algo de novo não sem faz sem um certo receio. Acredito que isso seja inerente a qualquer pessoa e digo com uma certa convicção.
Por volta de 2005, passei a estudar numa escola um pouco mais distante de casa. Iniciei em começos de janeiro e lá permaneci até ao fim do ano de 2006, quando me mudei para cá, onde pela primeira vez percebi que algo de novo estava acontecendo. E ainda me lembro como me senti hesitante na primeira manhã em que me dirigi à nova escola. Seria capaz de suporta aquilo? A simples mudança de uma instituição para outra, como qualquer circunstância da vida, tinha seus componentes de medo. Em se tratando de uma reforma drástica, o receio, naturalmente, é mais penetrante e mais duradouro. Nunca estamos realmente preparados para aquilo que é totalmente novo. Temos que modificar-nos, e qualquer modificação radical significa uma crise na nossa auto-estima; passamos por um exame, temos que provar algo a nós mesmos.
O fato de nunca estarmos preparados e aptos para aquilo que é novo têm resultados curiosos, a saber: uma sociedade passando por uma reforma drástica é uma sociedade de desordenados, e os desordenados vivem e respiram numa atmosfera de paixão. Existe uma intrínseca relação entre a falta de confiança e o estado de espírito apaixonado e a intensidade pode servir de substituo para a confiança.
Essa relação é notória em todos os campos da vida. Um trabalhador confiante na sua capacidade é despreocupado quanto ao seu emprego e produz muito, embora trabalhe com se estivesse brincando. Por outro lado, o trabalhador novo no seu ramo efetua um ataque ao trabalho como se estivesse salvando o mundo, e precisa comporta-se assim se quiser realizar alguma coisa.
Como já foi dito, uma sociedade sujeita a reforma drástica é uma sociedade de desajustados – instabilizados, impetuosos e famintos de ação. Dizem que a ação é a forma mais óbvia de obter a confiança e provar o amor/valor próprio, e é também uma reação contra a perda de equilíbrio. Sendo assim, a reforma drástica é um dos fatores que desprende as energias do homem, mas certas situações devem estar presentes para que o choque de mudança transforme as pessoas em efetivos homens de ação: deve existir uma abundância de oportunidades, e deve haver uma tradição de auto-suficiência. Existindo essas condições, um povo exposto a reforma drástica imergirá numa orgia de ação.
Os milhões de imigrantes “atirados” em nossas cidades antes e depois da 2° Guerra Mundial sofreram uma mudança tremenda, que se constituiu numa experiência lastimosa e irritante. Não apenas foram “transferidos”, da noite para o dia, para um país totalmente estranho, mas foram, em sua grande maioria, arrancados à morna existência conjunta de uma pequena urbe ou aldeia em algum lugar da Europa e expostos ao calor e desanimador isolamento de uma existência individual. Eram desajustados em todos os sentidos da palavra, situação ideal para uma explosão revolucionária.
Mas tiveram à sua disposição um vasto continente e fabulosas oportunidades de progresso individual. E assim, esses imigrantes de cidadezinhas européias estagnadas imergiram numa louca corrida de ação;
Sintetizando: quando uma sociedade submetida à reforma drástica não tem ocasiões abundantes para a ação e crescimento individual, cria-se nela a fome de fé, orgulho, e unidade. Torna-se receptiva a toda e qualquer forma de partidarismo e fica aflita pro jogar-se a empreendimentos coletivos que visam “mostrar o mundo”. Em outras palavras, a mudança drástica, sob certas condições, cria uma inclinação para atitudes fanáticas e para manifestações de escárnio e desafio; cria uma atmosfera de revolução.
Esse foi o último post do ano. Ano que vem tem mais de mim aqui para vocês.
Ótiimo post!
ResponderEliminarBoas Festas!
Beeijão.
Bela postagem meu kirido... Mas sabe que fiquei com medo quando troquei o colégio Adventista pelo Teorema...
ResponderEliminarAbração...
Feliz Natal!
ResponderEliminarBoas festas!